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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O SAGRADO

O sagrado é algo que ocorre em um tempo fora do tempo, numa reaproximação do tempo mítico, o tempo do inicio. É quando o tempo e o espaço ganham um significado além do cotidiano ao se transformarem em elementos “extra-ordinários” e tornam-se sacralizados. Para a psicologia analítica o sagrado é o simbólico, pois esta é a característica que transporta todas as nossas expectativas para além do óbvio. Para Jung os símbolos são “a máquina de transformar energia” São capazes de transformar a energia psíquica e estruturar e desenvolver a consciência. Se passamos a enfocar a vida valorizando a dimensão simbólica ela passa a ser mais plena de sentido. No símbolo pode haver tanto predomínio do aspecto pessoal como do coletivo. Por isso partimos do corpo que é um território sacralizado comum a todos no nosso fazer teatral. Num estudo sobre a música Guarani, há relatos que falam desse momento sagrado comum, quando dançavam, “seus corpos se transformavam de pesados e agressivos para alegres e saudáveis.” Há uma transformação no espirito, no emocional e no físico. Buscamos o centro do homem, o centro do mundo, ainda que por um instante queremos estar lá, no local onde o temporal e o eterno se encontram. Essa busca pela sacralidade existe em diversas culturas embora seja difícil perceber isso quando nos atemos a valores impostos e destinos escritos antes mesmo de nascermos. Essa busca se deu desde a criação do universo, desde os ritos ancestrais à Terra, das danças à Dioniso, na Grécia Antiga, se dá no momento do transe e da possessão no candomblé, que vem da cultura africana, dos Xamãs nas culturas tribais, nas danças circulares dos ciganos e hoje nas festas raves onde o uso abusivo de drogas, da busca pelo sexo, pelo êxtase é a banalização e a futilização dos nossos ritos ancestrais e isso é uma patologia da nossa sociedade. Propomos a retomada do êxtase pela natureza do corpo, pelo seu espírito e físico, buscando nossas raízes humanas através do rito teatral.
Fotos e Texto: Uan Melo

sábado, 19 de fevereiro de 2011

MURAL DE FOTOS

"Ir ao teatro é como ir à vida sem nos comprometer.
Carlos Drummond de Andrade



 "O sonho do teatro não é se eternizar, mas falar com clareza, emoção, beleza,
 poesia e compreensão para o cidadão do seu tempo." 
Amir Haddad
        
 Fotos: Uan Melo

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

CONVITE À HIEROFANIA

 " . . .  ESPERANDO VERDADES DE CRIANÇA 
NUM MOMENTO BOM COMUM  . . . " 
. o rappa .
  • O que é a HIEROFANIA? O que chama-se de hierofania, pode ser tido também como um momento de religação com um ponto comum natural e único para cada ser humano, arcaíco da nossa natureza, é quando o homem toma conhecimento do sagrado porque este se manifesta, se mostra, como qualquer coisa de absolutamente diferente do que é o profano. Afim de indicar "o ato da manifestação do sagrado" o ser humano cria para a humanidade o termo HIEROFANIA.

O profeta indiano Smohalla, da tribo Unatilla, recusava-se a trabalhar a terra. "É um pecado", dizia, "ferir ou cortar, rasgar ou arranhar a nossa mãe comum com trabalhos agrícolas", "pedi-me que trabalhe o solo? Iria eu pegar uma faca e cravá-la no seio de minha mãe?", continua, "Então quando eu já estiver morto ela não me acolherá mais no seu seio, pois terei escavado, chegado as carnes, as pedras, as seus ossos, como ela me acolherá então em teu seio, para nascer de novo?", "Pede-me que corte a erva e o feno e que o venda?, e enriqueça como os brancos, como eu ousaria cortar a cabeleira de minha mãe?" "
O Sagrado e O Profano - Mircea Eliade





FALAMOS DA TERRA MATER, A TERRA MÃE, A MÃE NATUREZA

E FALAMOS COMO SEUS FILHOS

E FALAMOS DE SEUS FILHOS 
 " É À TERRA QUE CANTAREI " - lê-se no hino homérico À Terra, à Tellus Mater
 " Glorificada seja a Terra que dá à luz todos os seres, nutre-os e depois recebe deles de novo o germe fecundo. " - Ésquilo


Fazer teatro, na contemporaneidade, no Brasil é uma realidade que nos faz refletir bastante. Ou pelo menos deveria. Talvez mais até do que nos faz pensar, deveriam todos a sentir. O pensar não basta para os estímulos do homem. Principalmente se falamos de luta. Pensamos então e não agimos. Mas o que nos falta é sentir, na carne viva o que é o processo de atores, diretores, assistentes, produtores, figurinistas e toda essa gente de teatro, da música, de circo, de escritores, de educadores e mais toda essa gente que dedica a vida mais as perguntas que as respostas imediatas do mercantilismo. Esse processo, essa realidade, reflete de forma latente a vida cultural que pulsa no nosso país querendo explodir a qualquer momento. E a qualquer momento, mais que nunca, explodirá, ganhando seu devido espaço na vida das pessoas! A arte é do ser humano, bicho irracional não faz arte, apenas o macaco da novela das sete, e quando o público descobrir o poder de uma hierofania em seu espirito, a sensação da troca verdadeira, redescobrirá a contemplação e a arte e a si mesmo. Se a arte é do homem, mal sabe o homem o quanto é e necessita da arte, e é assim que a manteremos sempre viva!!! 





Texto e Fotos: Uan Melo

domingo, 13 de fevereiro de 2011

"DEIXO"


" Deixo meus olhos em minha terra,
Sinto a vida que dela brota,
Como que o abraço de minha mãe,
O afago em meus cabelos,
O sorriso terno,
Que com o vento me dá seu adeus.
Da vida simples,
Do sol ardente,
O forte cheiro inconseqüente:
Seus sims, seus sonhos,
Seus medos e nãos.


Das palavras singelas, 
Que de métrica nada sabem,
Soam ruídos do universo. 

Se dos medos não me libertar,
Se na vida não me arriscar,
Se meus sonhos não abraçar,
Se eu deixar de lutar,
Se a garganta não quiser gritar,
Se a respiração falhar,
Se perder o calcanhar,


A matéria que é dada de nada servirá.
Não bastará,
Ter os olhos para chorar.
Fonte inesgotável, e se tu te enganasses?
Se os olhos não enxergassem,
A visão se manteria.
Hoje tenho medo,
Tenho medo e não nego.
Minha vontade de dizer,
É mais forte,
Que o ato de mal escrever.


 Versos simples,
Vergonhosos, de alguém,
Que pouco entende,
Ortografia,
Mas que só assim consegue
Mostrar o que sente,
Porque na caneta,
A alma confia.



 Rima seca, verso torpe!
Se dizer que não sei escrever,
Ninguém há de se importar.

Os meus sonhos não são seus,
E o que me alimenta, 
É tentar mudar.

Mudarei o mundo inteiro?
Não, apenas o meu olhar...



Pra quê falar?
Corro o risco de não querer escutar.

Os lábios devem dizer
sem pensar?

Encher o peito até sufocar
e de tão mesquinha não reclamar.






Eu não sei que horas são.
Nem pra onde a vida anda.
O meu corpo pede arrego,
Meu sotaque,
Minha marca,
Minha gente.



Não há para onde ir.
Não renego o medo que sinto,
O receio de cair,
No abismo de meu próprio,
Infinito. "








Texto: Paloma Neves

Fotos: Uan Melo